Monte Carmelo busca conscientizar a população da necessidade de continuar economizando água

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Monte Carmelo se assustou com a crise de 2014 e as previsões para 2015 são, no mínimo, preocupantes. O diretor do Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgoto), Hamilton Mendes, explica como está o cenário atual do abastecimento e as medidas adotadas para se evitar que falte água nas torneiras este ano.

Foto: Ascom Monte Carmelo
Foto: Ascom Monte Carmelo

Monte Carmelo – Apesar da chuva dos últimos meses o abastecimento em Monte Carmelo ainda não se normalizou?

Hamilton Mendes – Hoje ainda não estamos na situação de crise do ano passado, setembro e outubro, quando registramos mais de três metros abaixo do nível normal das represas, portanto hoje, quando a água deveria estar transbordando, estamos com 80 centímetros abaixo do nível. A média para janeiro, de acordo com nosso índice de dez anos, é de 290 milímetros, mas em janeiro de 2015 choveu apenas 144 milímetros.

Monte Carmelo – E como estão os níveis hoje nas represas?

Hamilton Mendes – A represa Mumbuca está vertendo, mas ela não atende a demanda da cidade. Esta consegue abastecer sozinha apenas 20%, o restante é dividido entre Santa Bárbara, com 80 centímetros abaixo do nível, e os poços artesianos. Em Monte Carmelo, 40% da água vem dos poços, 20% de Mumbuca e o restante de Santa Bárbara, nossa grande preocupação. Eu tenho dito sempre que não há mais o que falar em desperdício. Temos que falar agora em mudança de hábito. As pessoas precisam perceber que nós não temos água.

Monte Carmelo – Isso significa o quê na prática? Racionamento?

Hamilton Mendes – O que a gente percebe é que historicamente estamos no período das águas, então as pessoas voltaram a gastar por acharem que tudo se normalizou com a chuva, mas não é assim. Ainda somos privilegiados por não estarmos na situação de outros municípios como São Paulo, por exemplo, mas se não começarmos agora o planejamento do Dmae, teremos falta de água já em março. Precisamos diminuir a oferta gradativamente para não sacrificar ninguém e termos reserva para chegar até agosto, setembro, quando se espera que chova.

Monte Carmelo – E o quê o Dmae pretende fazer?

Hamilton Mendes – O governo Fausto quer conclamar a população para que nos ajude a chegar até o novo período das águas sofrendo o mínimo possível. Por isso, em primeiro lugar, agradecemos a todos que reduziram o consumo e nos ajudaram a obter uma economia de 27%. Agora, buscamos novamente esse apoio porque o esforço será redobrado.
Em 2014, trabalhamos a conscientização. O funcionário ia ao local, constatava o desperdício, tentava alertar a pessoa e, quando necessário, aplicava a multa. Hoje, somos obrigados a adotar medidas mais enérgicas. Vamos fotografar a ocorrência com data e horário e se no intervalo de dez dias houver reincidência a pessoa vai ser autuada.

Monte Carmelo – As pessoas poderão denunciar?

Hamilton Mendes – Sim. Pelo telefone 3842 2595 ou se alguém perceber o desperdício e conseguir reproduzir a foto, com data e horário em dois dias diferentes, já estará nos ajudando muito. O Dmae vai disponibilizar uma equipe para atender as denúncias, ir aos locais indicados e fotografar. Se o infrator persistir, será multado.
Em 2014, o volume de ligações telefônicas foi tão grande que muitas vezes não deu tempo de o funcionário ir até o local no momento da denúncia, porque o número de pessoal do Dmae é pequeno e não consegue atender todas as ligações. Por isso é que se a população puder colaborar nisso estará ajudando a si mesma e, juntos, obteremos resultados mais imediatos.
Se não adiantar, em março já estaremos sem água e teremos que racionar. Aqueles cinco ou seis dias sem água, como em São Paulo, poderão acontecer aqui também.

Monte Carmelo – E a proposta de desassorear as represas para aumentar a capacidade de armazenamento, está descartada?

Hamilton Mendes – Por enquanto, sim. O tempo que se leva para fazer isso é de dois a três meses. São mais de 5.000 caminhões de terra em apenas uma das represas, então, se começarmos amanhã iremos até junho ou julho e não teremos água para encher as represas depois.
Além disso, há o fator financeiro. A limpeza de uma represa custaria em torno de R$ 650 mil e com esse valor a gente pode perfurar quatro poços artesianos. Se conseguirmos uma vazão de 30 mil litros, teremos 120 mil litros por hora. Tecnicamente é mais do que conseguiríamos com o desassoreamento das represas.

Monte Carmelo – Mas, perfurar novos poços não irá comprometer os lençóis freáticos do município?

Hamilton Mendes – Estamos preferindo olhar no primeiro momento a crise atual e não deixar faltar água. Não temos condição de pensar no futuro. Hoje é preciso prevenir uma possível situação de emergência.

Monte Carmelo – Com R$ 650 mil não era melhor construir uma nova represa para armazenar água ao invés de retirar do lençol freático?

Hamilton Mendes – O nosso problema hoje é o tempo. Para começarmos a construir agora, teríamos que desapropriar uma área, contratar uma empresa para o serviço e isso não aconteceria antes de agosto ou setembro, período de seca. Por isso, precisamos de uma ação imediata para o momento. A limpeza da represa nos daria uma folga, mas não temos tempo para isso. Já a perfuração dos poços nos dará o tempo que precisamos.
Receberemos a visita de uma empresa que faz o estudo geofísico para ver se existe água nos locais indicados. Havendo, começaremos a perfurar os poços e até março ou abril estaremos com todos eles perfurados. Trabalharemos com quatro poços, dependendo da vazão de cada um.

Monte Carmelo – Em 2014, soubemos de várias pessoas que estavam lavando suas calçadas na madrugada, quando o Dmae não tinha como fiscalizar…

Hamilton Mendes – É até difícil comentar isso porque a pessoa que lava calçada à noite para não ser multada está enganando a si mesma. Se todos agirem desse jeito, fatalmente a população inteira vai pagar por isso e aí são todas as pessoas, sem distinção, porque o nosso reservatório é um só e na hora que acabar vai acabar para todos. O Dmae não quer isso. Queremos que as pessoas usem com inteligência, com economia, para não faltar em nenhuma casa e para que todos tenham a água, que é essencial para a vida.

Ascom Monte Carmelo