Falta de chuva compromete abastecimento de água em Monte Carmelo

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Ao se comparar o volume de chuvas dos últimos anos em Monte Carmelo percebe-se que de janeiro a setembro deste ano houve uma redução drástica na quantidade de água que caiu sobre o município. O diretor do DMAE, Hamilton Mendes, comenta sobre o atual cenário da água e explica porque a autarquia adotou medidas antipopulares para conter o desperdício e sobre a necessidade urgente de cada um repensar, rever conceitos e mudar atitudes em relação ao seu uso. Isso, para que a cidade não enfrente situação parecida como a de outras tantas. Em pelo menos 140 cidades de Minas Gerais, segundo a Defesa Civil do Estado, foi decretada situação de emergência em função das falta de chuvas.

O DMAE apontou os pontos mais críticos da situação instalada hoje e tem pedido à população para que economize água, temos notado diminuição do volume nas torneiras. Afinal qual é a situação real do abastecimento de água hoje em Monte Carmelo?

Foto: Ascom Monte Carmelo
Foto: Ascom Monte Carmelo

Hamilton Mendes – O que está acontecendo é o que todos nós temos assistido nos noticiários sobre locais que estão enfrentando uma seca severa e em Monte Carmelo não é diferente. Hoje estamos trabalhando com nossos reservatórios com apenas 40% da capacidade total. Além disso, não temos previsão de chuva até o dia 20 deste mês. Tem chuva, mas de dois milímetros e isso não conta. A chuva está próxima, mas estamos com índices muito baixos no reservatório. Por esta razão tivemos que adotar medidas até antipopulares e desgastantes, mas necessárias em função da época que vivemos.

Esses 40% são suficientes para abastecer a cidade até o início do período das águas?

Hamilton Mendes – Não dá para afirmar. Nosso índice de chuva está muito baixo comparado com a margem histórica, então não sabemos como está nosso lençol freático. O que podemos fazer é realmente dar as mãos, a população, o governo, as demais autoridades, e todo mundo trabalhar com o uso mais racional possível e reaproveitar a água porque, infelizmente, não descartamos a possibilidade de um racionamento mais severo até o final deste ano como já está acontecendo em várias cidades.

Qual é a margem histórica de Monte Carmelo?

Hamilton Mendes – A gente faz acompanhamento mês a mês, ano a ano, sobre o volume de chuva. A cada mês, a cada ano, vem ficando mais séria a questão da seca. A nossa média anual é 1.600 milímetros; no ano passado ficou abaixo, em 2012 também, 2011 ficou pouco acima, ou seja, estamos usando nosso lençol freático por dois anos consecutivos e com tendência de ir para o terceiro ano. Já estamos perto das chuvas e não vamos sofrer tanto este ano, mas no ano que vem vai ser mais crítico.

Mesmo com o início da estação das águas? Por quê?

Hamilton Mendes – Para este ano estão previstas chuvas fortes, inclusive pelo retardamento da estação chuvosa e essa água não infiltra no subsolo. Deve chover mais do que a média, porém ela vai ser concentrada e assim não dá tempo de ser absorvida. Ela corre para o rio e segue para o mar, ou seja, não vai abastecer nosso lençol freático e isso vai refletir no ano que vem.

Foto: Ascom Monte Carmelo
Foto: Ascom Monte Carmelo

Isso significa que podemos ter rodízio nos períodos mais críticos?

Hamilton Mendes – Sim. Por enquanto, estamos apenas diminuindo a pressão para amenizar o problema e não deixar ninguém sem água por completo. É um paliativo, mas podemos ter o desabastecimento de determinada região em forma de rodízio. Se não mudarmos e economizarmos, aí todos nós, sem exceção, vamos sentir a falta da água na torneira, dois, três dias, ou até mais, como vem acontecendo em outros lugares. Não é falha de gestão, não é má vontade, não é culpa de ninguém, é uma consequência do clima.

E o DMAE, o que tem feito para que todos recebam água igualmente?

Hamilton Mendes – Se compararmos com outros anos, nós ainda estamos privilegiados graças às ações corretivas desenvolvidas ao longo desses dois anos. São ações que economizam, evitam o desperdício e garantem água a todos como, por exemplo, a obra do Catulina que distribuiu melhor a água. Em 2013, nessa época, tínhamos dois caminhões pipa levando água para o bairro e hoje os moradores não sentem a falta d’água como no passado. Outro exemplo, acabamos de perfurar o poço do Santa Rita, que ainda não está em funcionamento e o pessoal ainda sente o problema antigo, mas que vai solucionar o problema. Era para estarmos numa situação bem pior.

Hoje, faz-se necessária uma mudança cultural em relação ao conceito que temos sobre a água?

Nós brasileiros em geral sempre tivemos abundância de água. Ainda é comum você passar e ver a pessoa lavando a calçada ou a própria rua com água limpa e tratada para uso humano quando estamos com menos da metade da nossa capacidade de abastecimento. Ações educativas são feitas, mas como temos a tradição de que a água sempre foi abundante é preciso mudar essa visão antiga. Temos apenas 2% de água potável no planeta e isso a população tem que entender melhor porque essa água não pode ser desperdiçada. O que se desperdiça hoje vai faltar amanhã na casa de todos.

O que é mais urgente então?

Hamilton Mendes – Nós só temos um manancial para nos abastecer, por isso as medidas mais enérgicas são necessárias porque a população, não todos, mas ainda grande parte tem o mau costume do desperdício. A cada ano a água diminui mais em volume. Isso é um problema do Brasil e temos que ter consciência e saber usar esse recurso porque senão vai afetar a todos sem distinção.

Por isso o DMAE pede a colaboração das pessoas para que economizem e nos avisem caso percebam o desperdício. Fazemos a fiscalização, mas contamos com o apoio das pessoas porque se faltar vai faltar para todos nós, sem exceção. É o momento de a população abraçar a causa e aplicarmos um novo modelo de uso, mais racional e mais inteligente.

Ascom Monte Carmelo