Quem esteve no Center Shopping na noite de desta terça-feira (03) na abertura da 10ª Semana de Cultura Popular e do 3º Seminário de Economia da Cultura, foi agraciado com muitas surpresas. Já de início o hino nacional tocado por mãos experientes em arranjos e violas.
“Esse evento começou há 15 anos e conseguimos ao longo dessas 10 edições trazer temas ligados à cultura popular e de uns anos para cá trouxemos o seminário junto”, explica um dos organizadores, Rubens Silveira dos Reis. Ainda segundo Rubens, o Seminário de Economia da Cultura tem como proposta trabalhar outras formas de se sustentar economicamente essas expressões culturais.
Tarcísio Manuvéi, também organizador do evento, conta que a semana reserva momentos de atividades artísticas e culturais, bem como espaço para reflexão e discussão. “Além das várias apresentações, também estamos fazendo o convite para as pessoas virem participar do 3º Seminário da Economia da Cultura, em que teremos palestras, debates sobre a discussão que existe hoje com o tratamento que se dá a cultura popular”. Tarcisio exemplifica que o artesanato, literatura e música fazem parte de uma economia e que os empresários precisam entender que vale a pena investir nesse setor. “Precisamos conscientizar os empresários a procurarem saber sobre a lei de incentivo e investirem nos projetos ligados à cultura popular, não ficando só no segmento mercadológico de venda de produtos”, explica o músico.
![Foto: Secom PMU](https://www.amvapmg.org.br/1/wp-content/uploads/2015/02/05-02-Violeiros-Udi-300x200.jpg)
Atualmente, segundo Manuvéi, a viola é um símbolo que está na Folia de Reis, na Catira, na contação de causos e também na moda de viola. Outros segmentos e estilos musicais estão aderindo ao instrumento, como o Rock e a Música Clássica.
Carlos de Araújo, 61 anos, porteiro, ex-vaqueiro e um dos violeiros conta sobre a emoção de participar de um encontro desses. “Eu tinha 6 anos quando aprendi a tocar viola. Trabalhava na lavoura e morava na roça. A gente tinha um radinho de pilha e escutávamos moda de viola bem cedo. Duplas como Lio e Leo, Pedro Bento e Zé da Estrada, e depois veio o Tião Carreiro”, conta Carlos, citando que o filho e a neta de 13 também tocam. “A viola pra mim é tudo. Viola vai me dar, no mínimo, mais 20 anos de vida. Cantar e tocar viola me traz muita satisfação”, relata Carlos, que usa o seu dom para levar alegria também em um hospital de tratamento para câncer.
Já Gustavo Felipe de Freitas Soares, 10 anos, disse que começou a aprender a tocar viola há dois anos, incentivado pelo pai. “Não é tão difícil aprender, tem notas que são fáceis e tem notas que são mais difíceis. Mas vale a pena aprender”, diz o menino.
![Foto: Secom PMU](https://www.amvapmg.org.br/1/wp-content/uploads/2015/02/05-02-Violeiros-Udi2-300x200.jpg)
“É um grande evento com a participação de grandes artistas da nossa terra, onde a cultura popular será debatida sobre as necessidades e ações para promoverem o seu desenvolvimento. Eu percebo que nossos músicos, nossos catireiros, estão cada vez mais buscando o fortalecimento e desenvolvimento da cultura. Estão de parabéns os organizadores e participantes desse evento”, disse o secretário municipal de Cultura, Gilberto Neves.
Homenagem ao Pena Branca e Guinness Book
Como parte da programação do evento, no sábado (07), haverá um momento especial com a participação de violeiros de Uberlândia e de outras partes do Brasil. O objetivo é colocar areunião no Guinness Book (O Livro dos Recordes), reunindo mil violeiros na execução de duas músicas: “Chico Mineiro” e “Menino da Porteira”.
O Guinness é uma edição publicada anualmente, que contém uma coleção de recordes e superlativos reconhecidos internacionalmente, tanto em termos de performances humanas como de extremos da natureza. Em 2003, o livro chegou a 100 milhões de cópias vendidas, desde a sua primeira edição em 1955, sendo o décimo livro mais vendido da história.
Já estão confirmadas várias caravanas dos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro, da Bahia, de Minas Gerais e de Goiás.
O momento marca, também, uma homenagem ao músico e cantor Pena Branca (José Ramiro Sobrinho),que faleceu em 8 de fevereiro de 2010.
Projetos Sociais em Uberlândia
Pedro Fernandes Evangelista, funcionário público, conhecido como Pedro das Gerais, um dos organizadores dos violeiros no evento, também é responsável pelo projeto da ONG Centro de Tradições do Caipira “Sementinha do Cerrado”. “Esse projeto nasceu nas escolas municipais de Uberlândia entre 2005 a 2009. Depois dessa data a ONG foi fundada. O projeto Sementinha do Cerrado tem hoje a participação de cerca de 200 alunos das escolas rurais de Uberlândia. Através da nossa cultura caipira estamos mostrando aos jovens da zona rural a importância do resgate da cultura e do trabalho no campo também. Ainda ensinamos aos jovens a diferença entre música sertaneja e a música caipira”, explica.
Os interessados em participar do projeto do Centro de Tradições Caipiras Sementinha do Cerrado podem entrar em contato pelo endereço eletrônico pedrodasgerais@yahoo.com.br.
O evento
A 10ª Semana da Cultura Popular e o 3º Seminário de Economia da Cultura são resultado da parceria entre Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com as produtoras Balaio do Cerrado e Viola de Nóis e contam com o apoio da Prefeitura de Uberlândia. As atividades acontecem durante toda a semana.
Apresentações musicais, oficinas de catira, espetáculo de teatro e mesas redondas para debates com a participação de convidados de peso nos meios artístico e cultural fazem parte das atividades que acontecem nas dependências da Universidade Federal de Uberlândia, na Escola Livre do Grupontapé de Teatro, Oficina Cultural e Arena Sabiazinho.
O site do evento é: http://www.seminariodeeconomiadacultura.com/
PROGRAMAÇÃO
04/02 Oficina de Catira com o grupo Raízes do Sertão
Local: Oficina Cultural
Horário: das 19h às 22h
05/02 Seminário de Economia da Cultura
Local– UFU bloco 5S
Credenciamento – 19h às 20h
Abertura 20h– Dep. Elismar Prado Pres. Comissão de Cultura da Alemg.
Debates 20h as 22h
Como implantar políticas públicas Efetivas – José Lasmar
Cultura como Produto – Henrique Portugal
A cultura da periferia como potência local – Antonio Eleilson
05/02 Oficina de Catira
Local – Oficina Cultural
Horário 19h às 22h
06/02 Debate – Ideias que deram certo – Aníbal Macedo
Local – UFUF – bloco 5O
Debates
Resistência no Mucuri – Bruno Bento
Arranjos Produtivos e criativos na cultura – Israel do Vale
A busca de espaços para a cultura – Luciano Alves
06/02 Espetáculo por de dentro com Grupontapé
Local – Escola livre do Grupontapé de Teatro
Horário – 20h
06/02 Bate-papo do Jeca Tatu ao Jeca Total
Mediação – Lu de Laurentz
Bate-papo com Ricardo Aleixo
Local – Escola livre do Grupontapé de teatro
Horário – 21h15
06/02 Oficina de Catira
Local – Oficina Cultural
Das 19h às 22h
07/02 – Encontro com Felipe Amado – superintendente do SFIC da SEC e encontro com Israel do Vale – pres da Rede Minas
Local – Oficina cultural
Horário – 10h às 12h
07/02 – Debates – mediação Cezar Honório
Local – Oficina Cultural
Das – 14h às 16h30
Debates
Para além dos incentivos fiscais com Marcelo Estraviz
Encontro com o Secretário Estadual de Cultura, Ângelo Oswaldo
Participação do prefeito Gilmar Machado
O olhar das entidades Aciub, App, OAB e Apcult
07/02 Homenagem a Pena Branca e reunião de violeiros– tentativa de estabelecer o recorde da maior orquestra de violeiros do mundo
Local – Arena Sabiazinho
15h cadastramento
16h abertura
17h inicio da cantoria
19h reunião para o recorde e homenagem a Pena Branca
Secom PMU